quinta-feira, 8 de março de 2012

QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM A ESTEFÂNIA!



AJUDA AÍ ANTES QUE O POLÍCIA ACORDE!

            É pr’aí que as coisas se vão derrapando como nos orçamentos das obras feitas para o Estado.
Mas nunca cheguei a pensar que a minha já tão conhecida bichana fosse “eleita” para caçar em vez de um cão!
Que ela cace ratos, tudo bem, mas a dificuldade é que os ratos estão cada vez mais difíceis de apanhar!  Olá se estão! Eles passam em frente das ratoeiras e riem-se! Só os ratos mais inexperientes mordem o isco. Mas aparece sempre depois uma ratazana que a troco duns milhos sabe como as coisas se podem empatar a caminho do esquecimento, e o inexperiente ganha calo na cauda e também nunca mais o apanham!
            Mas donde vem este desaforo de quererem pôr os gatos a caçar? Espero que seja só conversa…Tenho para mim, que esse desatino vem de não haver neste cantinho uma força democrática – deixem-me utilizar a palavra antes que se perca por falta de uso – que comande coisas tão sérias como o carapau e o estremunhado bife de todos os dias. Há mesmo vozes maldosas que lhe chamam, pela raridade, o osso de todos os meses.
            E como tudo está assim, quem não consegue nem o magro osso buco, pelas vias da usança normal, começa a olhar para o lado a ver se há canela onde possa ferrar. Sabe-se que para morder canelas o gato não é o mais indicado. Mas é o que se arranja...E dos cães é ouvir falar deles nas mercearias onde os Srs. Abrantes clamam …”Esse gajo tem cá na loja um cão enorme!” ou …”Essa ai de aipad na mão, faz-se fina, mas quem lhe fia o chouriço sou eu!”. E anda de Mercedes...
Ambas as situações são uma prova do que digo. Mas bem pior é o que acontece a quem tem mesmo que arranjar um gato bom trepador e rápido na fuga para obter o que precisa e a Santa Previdência Social lhe não dá.
Remédios ainda não são os mais atingidos pela ilegalidade. Enquanto houver reformados que troquem os remédios receitados pela malga de uma sopa, tudo vai correndo a feitio.
Porque é mesmo assim. Senão, como era antigamente com o mercado negro? Se não havia vaca, comia-se burro “extraído” na primeira quinta desprevenida. Não havia manteiga? Quando Napoleão descobriu que só havia manteiga na mesa dele e dos amigos – costume que perdurou até aos nossos dias – mandou inventar a margarina.
É preciso cobre para se terem uns cobres? Há sempre uns tipos habilidosos que vão aos postes e dão sumiço aos fios. Tenho perguntado à minha Estefânia muitas vezes, se é possível ou como é que é possível que quem usa o cacetete tão lestamente numa qualquer situação menor, não consiga ver um camião a descarregar duas ou três toneladas de fio de cobre roubado, em sucateiros de loja ao vento?
Tenho que admitir que o focinho da Estefânia nada se abriu, nada me disse.
O tal mercado negro já não existe! Reconheça-se: agora é mesmo branco e às claras.
A polémica que ameaça o sossego da minha gatinha, ter que ir caçar no escuro fora das vistas das autoridades, já vem de longe. Mas com os governantes simpáticos e atentos (o Relvas pertence só à segunda categoria) que vamos aturando, vai, cada vez com mais força, desenvolver-se o tal paralelo que não sendo uma figura geométrica, há-se ser uma pedra bicuda no sapato no Sr. Gaspar.
Há que passar pontes por cima dos obstáculos - desde que não tenhamos que as pagar duas vezes aos donos das portagens! Porque é verdade, que quem não tem cão, caça com gato. Mas não com a minha Estefânia, coitadinha!
A ela só a deixo (não posso evitar, é gato…) ir roubar carapaus ao antipático vizinho que é membro duma coisa qualquer das que mandam na gente. Ela lá se arranja…

1 comentário:

  1. António, podes crer que continuo a ler as tuas histórias e são momentos em que me divirto. Continua.

    Margarida

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