segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A GATA ESTEFÂNIA NÃO SE AGUENTOU FORA DE CASA!


A ESTEFÂNIA CONTENTE DE VOLTAR A CASA DEPOIS DE TER ROUBADO UM CARAPAU
                Toda a gente viu que a minha querida gatinha, apertada pelos desejos de não estar presa, meteu patas aos seus recursos e vendo-me irritado contra os que roubam e esfolam sem nada lhes acontecer, saiu pela janela fora com um carapau na boca.
                Tive imenso desgosto e pela companhia que me faz, era muito homem para lhe perdoar a facécia. Pois se há humanos que desviam  impunemente os seus salmões para o país das neves (coisas do upgrade, carapau é só para gatas de pé descalço sem relevo social…), porque não hei-de eu de aceitar o pequeno roubo feito pela Estefânia?
                Pois fica-se a saber que a minha gata voltou e está perdoada, não lhe vou exigir de volta o peixinho roubado.
                Mas depois das festas iniciais – como ela arqueia o lombo sob as minhas mãos para se fazer esquecer das maldades…É gata, feminina, vê-se pelo ar e gesto – dei comigo a pensar porque razão voltaria ela tão depressa para a “prisão” caseira? Costuma-se dizer “ali há gato” mas gato já ela é!
                Sabem que é difícil pensar como os ditos irracionais, categoria que decididamente atribuo mais a muitos homens do que a muitos gatos. Nunca vi um gato matar por prazer ou sadismo. Já os homens…
                Os bichos são lógicos, o disparate pegado não entra do ADN deles, pelo que sendo eu dono, sim senhor (julgo…) mas humano, acredito que não é assim com qualquer treta que sei o que a Estefânia pensa ou quer. Aqui o hábito faz o gato, percebem bem o trocadilho?
                Mister é, portanto, com os defeitos de homem analisar o comportamento da gata. Uso a intuição, posso?
                E essa feminil virtude misteriosa e profunda, levou-me a concluir porque razão a Estefânia não se aguentou fora de casa!
Porquê? Deduza-se então.
Como não é possível que ela tenha tido conhecimento de que há um senhor muito bem posto que está a projectar um peditório para as suas despesas, e como igualmente se vê difícil o regresso dela à vida de andar ao caixote, modo de vida esse, que não lhe servindo, se está a tornar comum a despedidos e reformados, onde poderá estar a razão de tão repentino regresso?
                Se ela fosse gente de casaco, gravata e anel de pedras no dedo, eu diria que teria criado um horror aos impostos, à obrigação de os pagar a bem de todos como consta na lei vigente, ainda que só para alguns, percebe-se! Mas não, é gato não paga impostos, à semelhança de muitos importantes da nação.
                Como não tem propriedades vendáveis a chineses e africanos, poderá estar por aí a razão do regresso. Falta de preocupação com liquidez e dívida externa, certamente.
Claro que há os que são ricos porque têm muitas dívidas, mas fazem as orelhas moucas às responsabilidades. Outros que paguem! Os poderosos é que nunca, senão arriscavam-se a deixar de ser clientes de bons carros e estâncias de luxo. Já se entende o prejuízo que isso iria causar ao turismo da Grécia? Hem? Pode lá ser, prejudicar os pobres e escalavrados gregos?
A dar-se o caso dos eminentes pagarem impostos como os mais necessitados, o que é que aconteceria aos fundos da solidariedade internacional? Se calhar iriam também causar sérios problemas aos bancos das Ilhas Caimão, quem sabe? Que horror prejudicar os pobrezinhos! Nem pensar!
A minha Estefânia…como a compreendo… como nada tem escondido para comerciar, não precisa de fingir que é desprovida de meios.
Como não tem nenhum familiar pobrezinho lá fora com enormes contas nos bancos a quem ajudar, pode dormir.
A Justiça não lhe pega, faça ela o que fizer menos roubar pouco, e como sou eu, contribuinte privado e público, que lhe paga a sarda fresca, …voltou para casa! Clarinho, não?
           Que raiva me faz vê-la feliz a ronronar na almofadinha ao pé da lareira! E paga por mim com IVA novo e tudo!

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